
Galiza, reintegracionismo e senso comum histórico
Maurício Castro
Numha sucessom sem fim de polémicas sobrepostas entre defensores do espanhol, do galego e todo um espectro entre ambas as posiçons, o passar do tempo tem vindo a assentar nos últimos anos um novo senso comum em volta da questom lingüística galega, determinado sobretodo pola própria materialidade histórica do processo.
Há três décadas, quando principiava a minha militáncia pola língua, existia umha crença que, já na altura, tinha escassa correspondência com a realidade. Muitas pessoas costumavam afirmar que o galego “estava na moda” e mesmo que cada vez se falava mais.
Lembro também que, naqueles anos, o nacionalismo galego parecia acreditar no caráter eterno ou atemporal da condiçom maioritária do galego na nossa sociedade. Eram séculos a certificar aquela crença e faltava só, dizia-se, contarmos com um governo nacionalista que reconhecesse ao galego o papel que lhe correspondia, ultrapassando assi o que em tom sentencioso se carimbava como “situaçom de diglossia”.
Também naqueles anos, a ideologia isolacionista gozava de bastantes adeptos entre os sectores mais favoráveis à língua, seguramente por vender um produto ancorado em variedades dialetais e noutra crença: a de que pretendia representar o “galego vivo”.
Quanto ao herético reintegracionismo, era condenado como inimigo da normalizaçom, tanto polo espanholismo como por boa parte das elites culturais galegas.
Acho que, com a perspetiva que dam os anos transcorridos, já podemos dizer que o senso comum histórico tem mudado, acompanhando umha transformaçom de fundo que reduziu o galego à mínima expressom quantitativa (falantes) e sem grandes avanços no aspeto qualitativo (consideraçom e utilidade).
Para já, hoje fica difícil basear a defesa do galego no seu objetivo caráter maioritário. A deserçom massiva do nosso povo, nada espontánea e ainda em marcha, é um facto. O processo de transculturaçom tem hoje expressons muito claras nas mais diversas áreas da reproduçom social, incluída a língua.
O escassíssimo alcance de medidas governativas de apoio a umha língua funcionalmente mutilada, num país sem soberania e atrelado a umha corrente cultural da potência que a espanhola tem ficou também em evidência. A ingenuidade da identificaçom entre “governo nacionalista” e “normalizaçom lingüística” numha sociedade em processo de avançada desnacionalizaçom é reconhecida já até polos nacionalistas galegos mais “possibilistas”.
Quanto à “ameaça lusista” a que as autoridades académicas apelavam para defender a sua posiçom de poder na autonomia galega, ficou também totalmente diluída à medida que a parcela de poder a conservar por aquelas elites isolacionistas ia minguando, devido à reduçom do papel do galego como “arma política”.
Entretanto, umha parte do movimento reintegracionista fai esforços nos últimos anos para obter algum reconhecimento por parte do “poder lingüístico”. Conformando-se com a difusom do português como segunda língua, garante que nom irá contestar a “devida” hegemonia do espanhol e, para aliciar esse poder, larga lastro identitário e evita qualquer compromisso com a reivindicaçom soberanista em termos lingüísticos, culturais e políticos.
Assi sendo, e recorrendo ao tópico, pode-se afirmar que estamos hoje numha situaçom “de impasse”, em que a condena da heresia lusista ficou démodé e a prática totalidade da intelectualidade autonómica assume um discurso inócuo de diálogo com o “português-língua-estrangeira-mais-próxima”.
Nesse novo senso comum que está a estender-se, a proposta é de convívio entre o galego “normativo” (isolacionista) e aquilo que umha parte do reintegracionismo batizou como “galego internacional”, em referência ao português, entendido como complemento do galego e evitando atritos com o domínio do espanhol.
Um reintegracionismo despossuído do seu potencial na construçom nacional mostra-se disponível para desproblematizar o conflito lingüístico, assumindo a posiçom subsidiária do galego e reduzindo as reivindicaçons lingüísticas a um diálogo “bem entendido” entre a Galiza e Portugal, com a devida bençom oficial.
Seguramente nom seria justo responsabilizar esse reintegracionismo do “New Deal” polo novo senso comum em que estamos a instalar-nos. As limitaçons de um movimento patriótico que pudesse propor e praticar a soberania galega para além das palavras abriu espaço para visons relativistas que tentam “salvar os móveis” num processo histórico desnacionalizador como o que vivemos.
Tampouco vale a pena discutir se era isso que a corrente histórica reintegracionista pretendia, pois ela foi sempre um magma que arrastou visons muito diversas do que a Galiza deveria aspirar a ser em termos de política lingüística e de país.
Entendida nesses termos, a contraditória linha atual do “magma reintegracionista” nom deixa de refletir a real correlaçom de forças que o configuram como movimento social, num processo que, apesar da difícil situaçom que como país atravessamos, nom concluiu.
Itens relacionados (por tag)
- Já disponível o 'Compêndio atualizado das Normas Ortográficas e Morfológicas'
- Pequena crónica de um encontro singular. Para Fernando Venâncio.
- Dicionário Visual da Através Editora, belo e eficaz recurso para a aquisiçom e aperfeiçoamento do léxico galego (e português)
- Prontuário de Apelidos Galegos, ferramenta básica para umha cabal regeneraçom dos nossos nomes de família
- A Associaçom de Estudos Galegos em memória do companheiro Afonso Mendes Souto
1051 comentários
canada pharmacies best site
cialis from canadian pharmacy Canadian Pharmacy Shipping Usa Cialis, Viagra Whithout Prescription
canada pharmacy for viagra canadian overnight pharmacy
http://www.northwestpharmacy.com hop over to these guys
http://indynda.com/?unapproved=735567&moderation-hash=cd66508bbf62b2819a4cacefc9c8c44f#comment-735567
http://germaine-art.nl/?unapproved=1349434&moderation-hash=9de8cbb27c9596e39a0ed3b5e9e56efa#comment-1349434
http://www.burgartprojects.com/gallery19#comment-56381
http://www.maderpayo.com/2016/10/10/compra-venta-madera/emotionheader21154531_2/#comment-65769
http://www.meijyukan.co.uk/portfolio-item/4/summer-school-08-00007/#comment-912829
cialis in canadian pharmacies northwestpharmacy.com canada
canadian pharmacy cialis for daily use go to the website
my canadian pharmacy canadian viagra online pharmacy reviews
viagra canadian pharmacy index
online pharmacy without a prescription Pharmacy
cialis mexico pharmacy look what i found
us pharmacy for cialis pharmacy
best online canadian pharmacies Canadian PHARMACY Online to Usa
cialis canadian pharmacy Canadian Pharmacy Shipping Usa Cialis, Viagra Whithout Prescription - Canadian ED Drugstore
canada online pharmacy Pharmacy canadianphrmacy23.com
viagra canadian pharmacy pharmacy http://canadianphrmacy23.com/
canadian-pharcharmy- click for more
Заказать диплом в столице - это вариант быстро получить документ об образовании на бакалавр уровне без излишних хлопот и затраты времени. В городе Москве предоставляется множество альтернатив оригинальных свидетельств бакалавров, предоставляющих удобство и удобство в процессе.
Deixe um comentário